‘Desejo criar conteúdo politicamente relevante’

Wagner Moura sobre o ensaio do papel de Pablo Escobar em Narcos e sua estréia na direção de Marighella, politicamente polêmica.

wagner moura, wagner moura iffi, narcos, wagner moura, expresso indiano, notícias expresso indianoWagner Moura em Goa.

DEPOIS de alcançar fama internacional por interpretar o chefão do tráfico Pablo Escobar na série da web Narcos, Wagner Moura estreou como diretor com o filme Marighella, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim no início deste ano. O filme foi exibido no 50º Festival Internacional de Cinema da Índia (IFFI), em Goa, na terça-feira.
Falando durante uma masterclass, cujo timing coincidiu com a exibição de Marighella, Moura disse que, embora recebesse muitos convites, não estava interessado em seguir a carreira de Hollywood. Em vez disso, ele optou por dirigir e co-escrever este filme, que é baseado na vida do político e guerrilheiro Carlos Marighella.



O filme gerou polêmica no Brasil. Marighella é um filme político e atualmente está sendo censurado no Brasil. Meu objetivo é produzir e fazer filmes sobre latinos. Eu quero fazer filmes que realmente não forcem um estereótipo. Tenho essas agendas políticas e ambiciosas nesse sentido. Acabei de produzir e atuar em um filme para a Netflix sobre o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que era diplomata e supostamente secretário-geral da ONU, foi morto no Iraque em 2003. Vai ser lançado em breve na plataforma de streaming , disse Moura, que também atuou na Rede Wasp dirigida por Olivier Assayas, que também está sendo rastreada no IFFI em curso.



Enquanto o ator, que também é músico, está aberto a trabalhar com diretores e atores que admira, disse ele, estreou como diretor para criar seu próprio conteúdo. Desejo criar conteúdo politicamente relevante e fazer filmes sobre empatia. Esses filmes deveriam ver as pessoas como pessoas e não como estatísticas, disse Moura, que acha a direção fácil e a atuação mais complicada.



Aclamado por seus papéis na série de filmes Elite Squad e Elysium, Moura disse: O lançamento de Marighella no Brasil foi cancelado. Então, é bom viajar para muitos festivais de cinema. O filme é sobre esse revolucionário, Marighella, que era um congressista, um esquerdista. Com a situação (política então dominante), a única maneira que eles tinham era pegando nas armas e lutando. Em 2013, quando começamos a trabalhar nisso, a ideia era apenas trazer de volta o nome de Marighella. Mas então o filme passou a ser sobre pessoas que estão resistindo até agora, disse o homem de 43 anos. Ressaltando que a cultura do Brasil está sob censura, ele disse: É muito triste que Marighella tenha sido vendido para muitos territórios internacionais, mas não possa ser lançado no Brasil. Mas aí reside a beleza do cinema, ele acredita. Na semana passada, fiz parte do júri do Festival de Cinema de Lisboa. Eu vi um filme tibetano chamado Balloon. Foi tão bonito. Eu estava completamente conectado a esses personagens. Independentemente das origens culturais, todos nós somos humanos, acrescentou ele.

Falando em interpretar o personagem de Escobar, ele disse que sempre vê os personagens como pessoas. Claro, Pablo era um cara mau. Mas se um ator escolher, ele pode mostrar alguém como um monstro ou um santo. As pessoas são muito mais complexas do que isso. Todos nós temos lugares escuros em nossas almas e todos temos coisas bonitas. Pablo era um cara muito carismático. Não é apenas que ele era o traficante de narco mais rico. Ele era muito interessante. Ele foi o cara que construiu todas aquelas casas e tentou entrar na política. Ele queria ser amado e quebrar aquela enorme lacuna social que ainda existe em
América do Sul. Nunca o vi ou qualquer personagem como uma coisa ou outra. Existem intervalos.